Atentemos aqueles que mesmo com o fracasso reiterado insistem nas terceirizações, atacam a abertura de concursos públicos, a reformulação de carreiras e remunerações e não reconhecem a importância, necessidade e a eficiência do serviço público. Disfarçados de defensores do povo ou porta-vozes do Estado Democrático de Direito, na verdade são lacaios dos interesses do capital.
Tornou-se lugar comum aos amantes do Estado-mínimo divagar sobre o peso da máquina pública, o discurso é sempre o mesmo: o Estado gasta muito e mal. O aumento de 11,75% no número de servidores federais nos últimos seis anos, exemplificando, é apontado como um dos piores gastos, desconsideram que a taxa de empregados públicos em relação ao total de ocupados nos países capitalistas centrais é de 14,7% na Alemanha, 14,8% nos EUA, 24,9% na França, enquanto no Brasil é de 10,7% (dados de 2005 apurados pelo IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Agem desta forma um tanto pela ânsia em esgotar o Estado, outro tanto por pura insensibilidade com os que dependem exclusivamente dos serviços públicos.
O descaramento é ainda maior quando se intitulam os mantenedores plenos do Estado, ignorando que os trabalhadores com renda até dois salários mínimos, por exemplo, contribuíram em 2008 com 53,9% dela, através de tributos diretos e indiretos, enquanto os cidadãos com ganhos maiores que trinta salários mínimos contribuíram com 29% (dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e da Secretaria do Tesouro Nacional).
Estes auto-intitulados “formadores de opinião” são entusiastas da tese da ineficiência do serviço público, desdenham as dificuldades do andamento das atividades em atendimento aos preceitos legais e em recente estudo do IPEA perderam o chão pela constatação de que a produtividade na administração pública foi 46,6% maior a do setor privado em 2006, ocorrendo a menor diferença em 1997 quando serviço público foi 35,4% superior.
Mesmo torcendo os narizes para os serviços públicos, são tão cidadãos quanto os demais, devem ter o mesmo tratamento dispensados a todos, porém nos cabe a tarefa de não titubear em combatê-los, não as pessoas, mas as idéias, pois sua miopia pode ser contagiosa.